E o leite?
Setembro de 2010 – A indústria dos transgénicos, e os cientistas com ela conotados, não admite que possa haver qualquer alteração no leite (ou na carne) dos animais alimentados com rações transgénicas. Mas as evidências laboratoriais começam a acumular-se. Em experiências realizadas com cabras, um grupo de cientistas italianos verificou que o transgene da soja geneticamente modificada está presente tanto no leite como no sangue dos animais que a comeram. Quanto aos cabritos nascidos dessas cabras alimentadas com soja transgénica foi possível encontrar o transgene no fígado, rim, coração e músculo. Também se verificaram alterações importantes na actividade enzimática no rim, coração e músculo esquelético dos cabritos. A soja transgénica empregue é uma variedade autorizada na União Europeia e utilizada correntemente em rações, nomeadamente em Portugal.
O artigo científico relativo a estas experiências foi publicado este ano e está disponível para descarregar: Fate of transgenic DNA and evaluation of metabolic effects in goats fed genetically modified soybean and in their offsprings.
Transcrição de parte d
Transcrição de parte do artigo sobre as alterações na actividade enzimática:
“Moreover, since serum activities of all the enzymes showed similar levels between the groups, it would be over speculative to assert that the GM diet was responsible for a local increase in LDH metabolism.”
Re: Transcrição de par
Caro anónimo,
Agradecemos a visita e o interesse. A transcrição que escolheu, que basicamente diz que não se pode neste momento concluir nada de seguro sobre as consequências das alterações na actividade enzimática, em nada invalida o que é dito na nossa notícia (ao contrário do que parece ser a sua intenção). O facto é inquestionável: os alimentos transgénicos são diferentes dos convencionais. Se isso depois se vai reflectir nesta ou naquela doença, ou em doença nenhuma, ainda não é sabido em detalhe. Mas não acha estranho que os transgénicos já andem a ser vendidos e comidos sem que haja resposta científica definitiva a estas questões cruciais? E uma vez que são alimentos obviamente diferentes, será que os consumidores não deviam ter direito à rotulagem, para exercer uma escolha informada?
Cumprimentos,
Plataforma Transgénicos Fora
A transcrição que esco
A transcrição que escolhi diz que não se pode neste momento concluir nada seguro sobre as CAUSAS das alterações. Ou seja, apesar de terem encontrado o DNA do transgene e essas tais alterações, os dados não são fortes o suficiente para poderem relacionar as duas coisas. E não acha estranho que quase 30 anos após a introdução de transgénicos no mercado, ainda não se tenha descoberto nada em concreto sobre supostos malefícios para a saúde?
Res: A transcrição que esco
Pegando na sua questão irónica e tentando mesmo assim responder, não se vai descobrir nada em concreto sobre supostos malefícios para a saúde enquanto não forem feitos testes sobre a população, com um grupo de controlo, durante um período de tempo longo.
Mas que há novas doenças e cancros que não havia há 30 anos lá isso há… como não são feitos testes, não se sabe muitas vezes de onde vem esse aumento de doenças…
Re: A transcrição que escolhi
Caro anónimo,
Agradecemos a sua nova visita.
A transcrição que apresenta do artigo citado refere-se às diferenças (estatisticamente significativas, note-se) entre animais do grupo transgénico e do grupo de controlo no tocante às enzimas do soro. De facto, embora existam diferenças, elas são pequenas.
No entanto, os autores não se limitaram a estudar o soro: também viram o que se passava no coração, rins e músculo esquelético. E para estes órgãos a história revelou-se muito diferente. Citando: “By contrast, analysis of enzyme total and relative activities in tissues gave a different picture. As depicted in Figure 5 significant differences in enzyme levels concerned the kidney (higher levels of LDH and GGT) as well as heart and skeletal muscle (higher levels of LDH) in kids drinking milk from treated animals. This seems to indicate that some alteration occurred in kids even if serum levels were not affected. Moreover, LDH significantly increased in three organs (kidney, heart and skeletal muscle), suggesting that enzyme synthesis is generally altered in kids fed milk from GM-fed dams.”
Resumindo: embora no soro as diferenças existam mas não sejam grandes, para o caso dos órgãos elas não só existem como são importantes e indicativas de alterações sistemáticas que merece a pena aprofundar.
Como de facto o DNA transgénico é – por definição – diferente, esta confirmação fisiológica do impacto da diferença vem reforçar a necessidade de proteger a população destes alimentos geneticamente manipulados enquanto tais investigações não estiverem realmente concluídas. Esta estratégia de precaução está lei, mas não está a ser aplicada.
Quanto aos seus restantes comentários, eles carecem de rigor e lógica. Por exemplo, não há transgénicos há 30 anos, como afirma. Na UE eles entraram em 1996 e isso dá menos de 15 anos. Quanto às descobertas, elas só se fazem se alguém for investigar, e há muito pouca gente a investigar – gente independente do dinheiro da indústria, note-se, porque quando é a indústria a financiar a investigação a credibilidade dos resultados é diferente. E, finalmente, já há descobertas “em concreto” sobre o impacto na saúde do consumo de transgénicos. Por favor consulte a secção respectiva do Centro Documental do nosso site (https://stopogm.net/centrodocumental#l).
Com os melhores cumprimentos,
Plaforma Transgénicos Fora