Evolução do cultivo de milho transgénico em Portugal – IV
Março de 2016 – Se a história recente do cultivo de milho transgénico em Portugal for um bom indicador, 2016 não vai ser um ano feliz para as empresas da engenharia genética – pelo menos no nosso país. O gráfico abaixo (todos os gráficos foram construídos com base nos números oficiais publicados pelo Ministério da Agricultura) mostra a evolução da área cultivada ao longo dos anos desde que o milho transgénico MON 810 foi autorizado em Portugal (se clicar nas imagens pode vê-las em tamanho maior):
Nos últimos cinco anos a produção de milho transgénico estabilizou e até baixou ligeiramente de 2014 para 2015, apresentando na prática apenas pequenas variações em torno dos oito mil hectares. Este valor está muito aquém dos 126 mil hectares de milho (total de convencional e transgénico, para grão e silagem) que, no global, foram cultivados em Portugal em 2015. Se alguém esperava que os OGM se iriam tornar um sucesso em Portugal, esse alguém já deve ter desesperado.
O próximo gráfico mostra a percentagem de crescimento em cada ano relativamente ao ano anterior:
Enquanto que em 2007 se tinha verificado um aumento muito visível na área cultivada, desde então as variações têm sido muito mais modestas e, no que toca a 2010, 2013 e 2015, negativas (visto ter havido redução da área cultivada relativamente ao ano anterior). Mesmo a subida de 59% em 2011 está muito longe dos 235% registados em 2007. Claramente estamos longe de uma adesão em crescendo.
Neste outro gráfico pode ver-se a proporção da área cultivada com milho transgénico relativamente à área total dedicada ao milho em Portugal:
[Todos os valores da área total dedicada ao milho em Portugal (milho grão e milho para silagem) empregues neste cálculo foram obtidos junto da Anpromis – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo]
Aqui percebe-se que a redução do cultivo de milho GM em 2015 se deveu a uma contração geral do cultivo de milho em Portugal. Ou seja, a proporção de milho GM para milho convencional manteve-se estável e nos 6%. Este valor tão baixo é sinónimo da pouca mais valia agrícola que os produtores portugueses conseguem retirar desta tecnologia.
Finalmente temos abaixo um gráfico com a evolução do cultivo de milho transgénico por região agrícola. Na Madeira nunca houve cultivo e nos Açores esse cultivo só aconteceu nos anos de 2011 e 2012. No Algarve o milho transgénico cultivou-se pela última vez em 2013. A quebra registada em 2015 deveu-se essencialmente ao Alentejo, que perdeu mais de 500 hectares em relação a 2014. A região Centro foi a única em que se verificou aumento na produção entre 2014 e 2015 – todas as outras perderam. A mais interessante de todas é a zona Norte: em 2009 atingiu o seu pico (298 hectares e 69 registos de cultivo) e desde então a área abrangido tem vindo a descer todos os anos – em 2015 já só apresentou 59.8 hectares e 9 registos de cultivo (7 em Vila do Conde, um em Barcelos e um em Monção). Nesta região a extinção transgénica parece inevitável.
Deixe um comentário