Há quem diga que o debate sobre a segurança dos OGM está encerrado. Estará?
Desde que foi publicado em 2012 o artigo de revisão de Snell, Ricroch e colaboradores tem vindo a ser apresentado como definitivo no que toca à demonstração de que os alimentos transgénicos são seguros. A própria Agnès Ricroch, investigadora do instituto francês AgroParisTech e coordenadora deste estudo, afirmou taxativamente que os transgénicos eram inócuos e o debate estava encerrado. Mas alguém acredita que seja possível, por exemplo, concluir que todos os medicamentos são seguros – mesmo os que ainda não foram comercializados – só porque se reuniu uma série de estudos que olharam para alguns aspetos de alguns medicamentos e não encontraram nada? Seria uma atitudo pouco científica e muito dogmática.
Note-se que este artigo não é uma meta-análise (uma revisão abrangente da literatura com potência estatística que dá credibilidade aos resultados) e não é sequer uma revisão sistemática da literatura científica nesta área, mas sim e apenas uma revisão narrativa, que é a mais aberta a análise seletiva e enviesamento. Além disso, nem todos os estudos incluídos são de boa qualidade: segundo a própria autora Ricroch, 7 dos 24 estudos não têm potência estatística suficiente.
E quanto aos restantes 17? Bem, repare-se num aspeto importante: um estudo que tem um resultado negativo (em que não se encontra efeito tóxico, por exemplo) só é realmente válido quando o poder estatístico (como o número de animais testados) é suficiente para provar que, se houvesse resultado negativo, ele seria detetado. Se, por hipótese, um veneno mata um animal em cada dez mil, vai ser difícil detetar esse impacto se só se testar o veneno em 10 animais. Com 10 animais podemos não detetar nada, mas isso não nos permite dizer que o veneno é inócuo.
Quando o Comité Científico do Alto Conselho das Biotecnologias do governo francês foi questionado sobre se os restantes 17 artigos científicos tinham potência estatística, a resposta foi clara: nenhum desses estudos inclui o cálculo da potência estatística. Ou seja, não podemos saber se a ausência de efeitos negativos relatada nesses artigos é devida a uma real inocuidade ou simplestemente o resultado de uma metodologia que não consegue detetar tais efeitos, embora eles existam.
O trabalho de Ricroch resume-se portanto à análise de 24 estudos inconclusivos e tira uma conclusão – a de que os transgénicos são seguros – que, ainda segundo o Alto Conselho das Biotecnologias, os estudos não permitem tirar. Este raciocínio, validado pela própria Agência Europeia de Segurança Alimentar, na verdade põe em causa todas as autorizações de transgénicos emitidas até agora na União Europeia, uma vez que o cálculo de potência estatística está notavelmente ausente dos documentos analisados oficialmente. Mas essa conclusão, de tão perturbadora, será melhor deixá-la à sombra do esquecimento.
Adaptado de:
Innocuité des OGM: aucune étude ne permet scientifiquement de conclure
Frédéric Jacquemart, maio de 2014
TRANGÊNICOS
TRANSGÊNICOS
Os países que aceitam plantar, vender e consumir produtos transgênicos, estão prejudicando a sua população. Considero vergonhosa essa legalização criminosa, pois foi comprovado nos estudos iniciais dos transgênicos que as experiências foram danosas para as cobaias (camundongos), que apresentaram durante um certo tempo, tumores cancerígenos. Por que o governo insiste em obrigar o povo a consumir essa praga?