
COMUNICADO: Povos originários denunciam ameaças biotecnológicas e defendem soberania alimentar no Seminário de Sementes 2025
No passado dia 12 de abril, várias organizações de povos originários, camponeses, cientistas e ativistas reuniram-se na cidade guatemalteca de Chimaltenango no âmbito do Seminário de Soberania Alimentar 2025, onde foi emitido um pronunciamento em defesa das sementes nativas, dos saberes ancestrais e da soberania alimentar dos povos da Guatemala e da Mesoamérica.
Sob o lema “Cuidamos e defendemos as sementes para a continuidade da vida”, os participantes denunciaram a crescente ameaça representada pelas novas técnicas de engenharia genética, em particular a recente alocação de fundos públicos a uma ONG ligada à empresa “Semilla Nueva” para o desenvolvimento de milho geneticamente editado com a tecnologia CRISPR-Cas.
Apesar de testes recentes terem confirmado que o milho nativo analisado em várias regiões do país não se encontra contaminado por transgenes de tolerância ao glifosato, as comunidades alertam para a presença comprovada de milho transgénico nas regiões de Petén e Chiquimula. Esta situação é vista como consequência directa de políticas governamentais que privilegiam interesses corporativos em detrimento dos direitos dos povos e da biodiversidade.
As organizações exigem:
– A revogação imediata do Regulamento Técnico de Biossegurança de Organismos Vivos Modificados (OVMs);
– A aprovação da Iniciativa 6086, que visa proteger os conhecimentos e o património biocultural dos povos indígenas;
– O respeito pelo direito à consulta prévia, livre e informada, consagrado no Convénio 169 da OIT.
O comunicado reafirma a importância da agroecologia como prática de vida e resistência, e rejeita a mercantilização e digitalização dos conhecimentos indígenas. Apela-se à organização comunitária e à declaração de territórios livres de transgénicos.
“As sementes não se vendem, semeiam-se e defendem-se”, afirmam os signatários. “A defesa do milho é a defesa da vida.”
A mobilização continua com a articulação de redes de resistência em toda a região mesoamericana.
Para mais informações consulta:
REDSAG: https://www.facebook.com/RedsagGt?locale=pt_PT
SERJUS: https://www.serjus.org.gt/
Créditos da imagem: REDSAG
Deixe um comentário