As plantas transgénicas Bt contaminam os cursos de água

As plantas transgénicas Bt contaminam os cursos de água

2010/09/27 – Uma publicação na prestigiada revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences veio mostrar que proteínas insecticidas provenientes do milho transgénico do tipo Bt foram encontradas em cursos de água que passam por zonas de produção de milho nos Estados Unidos.

A equipa científica, que inclui a investigadora Emma Rosi-Marshall (na foto) e envolveu várias universidades americanas, analisou 217 rios e ribeiros no estado do Indiana seis meses depois de o milho transgénico ter sido ceifado. Em 86% desses cursos de água encontraram folhas, ramos ou espigas de milho e, em 13% destes casos, foi possível detectar uma proteína transgénica Bt. Os investigadores também demonstraram que, em 23% dos cursos de água, essa proteína estava dissolvida directamente na água. A conclusão é que esta proteína persiste na natureza pelo menos durante vários meses.

As análises foram realizadas a não mais de 500 metros dos terrenos onde o milho tinha sido cultivado. No entanto, de acordo com os investigadores, nos três estados americanos onde mais se produz milho (Illinois, Indiana e Iowa), 91% dos 256 mil quilómetros de cursos de água existentes estão também situados a menos de 500 metros de culturas de milho.

Não será de espantar que restos de milho se encontrem com frequência em linhas de água. No entanto não era evidente até agora que a proteína insecticida também estivesse presente e activa seis meses após a colheita. Que impactos é que essa presença pode acarretar para os ecossistemas de água doce, nomeadamente para insectos benéficos… ainda não é sabido.

Emma Rosi-Marshall já tinha publicado em 2007, na mesma revista, o primeiro estudo nesta área. Com uma espécie de moscas de água (da ordem Trichoptera) pode verificar em testes laboratoriais que os insectos alimentados com restos de milho transgénico apresentavam metade da taxa de crescimento daqueles que consumiram milho não transgénico. Numa outra espécie verificou 100% de mortalidade no grupo exposto a altas concentrações de pólen transgénico, enquanto que no grupo de controle a mortalidade se ficou pelos 18%.

Enquanto a ciência não avança mais, há algo que fica claro: o milho transgénico está a ser autorizado e cultivado sem que se conheçam os seus reais impactos no ambiente.

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