Consulta pública: participe!

Consulta pública: participe!

ACTUALIZAÇÃO EM 8 DE JULHO DE 2009 – Foram 622 as cartas que o Ministério do Ambiente recebeu na sequência desta ciber-acção. Dos três locais pedidos para ensaios, um deles foi chumbado. Obrigado pela participação!


Até ao dia 3 de Abril de 2009 às 24h está aberta a consulta pública relativa ao pedido da empresa Monsanto para ensaios de campo com milho transgénico. Os terrenos em causa ficam em Salvaterra de Magos e Évora, mas todos os portugueses podem (e devem) participar. Se não concorda que a Monsanto venha fazer experiências para Portugal, tem à disposição abaixo uma carta tipo que pode enviar depois de modificar como entender – não esquecer de preencher com o nome e número de bilhete de identidade no final do texto. Para mais informações contacte a Plataforma Transgénicos Fora pelo email info@stopogm.net. O parecer final da Plataforma está disponível aqui.

Para: cpogm@apambiente.pt
Assunto: Consulta pública B/PT/09/01 sobre os ensaios da Monsanto

Texto:

Exmo Sr Director-Geral da Agência Portuguesa do Ambiente,
Venho pela presente apresentar a minha total oposição à realização dos ensaios com milho transgénico NK603 da empresa Monsanto, tanto em Salvaterra de Magos como em Évora.

As razões são muitas, e profundas. Os europeus em geral e os portugueses em particular são maioritariamente contra alimentos transgénicos por sentirem que não são seguros e representam uma alteração irreversível da nossa relação com a alimentação, pelo que não faz sentido permitir testes cujo objectivo é conduzir a mais autorizações para cultivo.

Este milho transgénico que a Monsanto pretende testar e, posteriormente, cultivar, é tolerante ao herbicida glifosato. Isso vai conduzir a uma maior utilização deste químico que, em estudos recentes de Séralini et al. (Arch. Environ. Contam. Toxicol. 53:126–133 (2007); Chem. Res. Toxicol. 22:97–105 (2009)), se verificou ser um desregulador hormonal, para além de induzir directamente a morte celular em células humanas.

O cultivo de variedades resistentes a herbicidas também tem sistematicamente induzido o aparecimento de ervas daninhas resistentes aos mesmos herbicidas. Isto conduz a um círculo vicioso onde se torna necessário aplicar cada vez mais produtos, em misturas cada vez mais potentes, e que leva a agricultura na direcção oposta à sustentabilidade, equilíbrio ecológico, e valor alimentar. Essa não é a agricultura que Portugal precisa ou que os portugueses procuram.

Não se compreende que o Ministério do Ambiente possa autorizar ensaios com fins agronómicos quando a avaliação europeia do ponto de vista da segurança ambiental ainda está a decorrer. Enquanto não houver garantias quanto à sua inocuidade ecológica, este milho não deve ser libertado para qualquer outro objectivo. Aliás, a Directiva 2001/18 sobre libertação de transgénicos determina especificamente que as autorizações só pode acontecer “por etapas”, e apenas na medida em que a etapa anterior tenha demonstrado a necessária segurança. Começar com testes para outros fins corresponde a pôr o carro à frente dos bois.

A falta de ciência e de provas no tocante à biossegurança deste milho é ainda mais evidente quando se analisa a notificação em consulta pública. O capítulo sobre o potencial de impacto ambiental, em particular quanto aos outros seres vivos do ecossistema, é notável pela total ausência de referências: não há estudos, não há artigos científicos, não há absolutamente nada. Todas as afirmações que pretendem garantir segurança são feitas com base, ou na intuição, ou na fé. Além disso, a Monsanto assume que a ausência de provas corresponde a prova de ausência de riscos. Mas tudo isso é anti-científico e ilegal. A Monsanto é obrigada a demonstrar inequivocamente a segurança ambiental do NK603, e não o faz. Bastaria esta razão para vincular desde já o Ministério do Ambiente a uma negação da autorização para os ensaios.

Na verdade, a própria consulta pública corre o risco de ser ilegal. De facto, é-me pedido que colabore na avaliação ambiental de uma cultura transgénica que, além do glifosato, vai ser submetida a outros herbicidas – pelo menos alguns dos quais não estão registados em Portugal – mas não é referido quais são esses químicos. Não é pois possível uma análise adequada do real impacto envolvido enquanto não for fornecida a formulação detalhada dos compostos envolvidos: tanto do princípio activo quanto dos adjuvantes. Aguardo assim a divulgação destes dados e solicito que o prazo da consulta seja suspenso enquanto tal não acontecer.

Muitas outras questões se colocam face a este pedido de ensaios. Por exemplo, não está acautelada a coexistência dos campos de NK603 com apicultura e abelhas – as quais nem sequer são referidas na notificação. Conforme está amplamente demonstrado na literatura científica, estes insectos podem recolher pólen a mais de 5 km de distância e transportá-lo para a colmeia. Este depois vai aparecer no mel e em produtos contendo pólen à venda comercialmente. No entanto a autorização em vigor na União Europeia apenas respeita ao consumo dos grãos de milho NK603, e não ao seu pólen, pelo que a realização destes ensaios pode conduzir a ilegalidades incontroláveis. Novamente a única via que resta ao Ministério do Ambiente é a do cancelamento dos ensaios.

Assim, e considerando,
– a oposição generalizada dos consumidores,
– o padrão de insustentabilidade, contaminação de culturas vizinhas, e aparecimento de pragas resistentes e de pragas secundárias que o cultivo de milho transgénico implica,
– a incapacidade da Monsanto de apresentar provas científicas de segurança e de considerar as implicações da inevitável presença das abelhas, e
– a falta de informações indispensáveis a uma correcta avaliação deste programa de ensaios,
conclui-se que o Ministério do Ambiente tem de assumir as suas responsabilidades legais e negar autorização para estes ensaios.

Com os melhores cumprimentos,

[NOME]
[Número do BI]

14 thoughts on “Consulta pública: participe!

  1. Aos argumentos acima
    Aos argumentos acima expostos, acrescento ainda a pública má notoriedade desta empresa em matéria ambiental e nas más relações com as comunidades onde os seus produtos são utilizados, nomeadamente os processos judiciais contra os agricultores que deixaram de usar os seus produtos e contra os que sendo vítimas de polinização cruzada, que para além de sofrerem com as suas culturas contaminadas, ainda são demandados judicialmente acusados de violarem direitos a que a empresa se arroga.

  2. O problema é que depoi
    O problema é que depois de experimentar o milho transgénico, o campo de cultivo fica contaminado.
    O mal já não se pode “apagar” depois de feito e isto é que é de difícil compreensão. Estou errada?
    Gostaria de saber qual é o rótulo usado nos produtos dos agricultores que desistiram.

    1. Re: O problema é que
      A contaminação é um problema real e potencialmente irreversível, mas não se aplica necessariamente ao terreno em que o milho é cultivado. A irreversibilidade aparece por exemplo com o pólen transgénico que vai polinizar outras plantas de milho, noutros terrenos. Se esse milho for de variedades tradicionais, em que se guardam as sementes para semear nos anos seguintes, essa variedade vai ficar irreversivelmente contaminada pelo transgénico. Dificilmente essa contaminação será detectada, porque não se andam a fazer testes caros a milho que só serve para consumo próprio, seja para dar aos animais seja para fazer broa. Aí não há rotulagem, nem informação.

  3. Resposta
    Muito boas tardes a todos os que visitam esta página, antes demais queria demonstrar o desagrado que tenho sobre todos os assuntos contra os OGM e contra a modificação genética em geral.

    Todos os que são contra os OGM ingerem alimentos, e por conseguinte, suponho que ingiram alimentos biológicos, para evitar o risco de ingerirem qualquer resíduo de OGM que possa ser integrado na comida normal.

    Desde já vos digo que se você se enquadra no quadro acima, devo desde já felicita-lo, pois para obter alimentos biológicos, faz parte dos 5% da população (e agora que estamos em crise, ainda menos que isso) que pode investir dinheiro extra para pagar esse tipo de alimentação “de luxo”, e lembro que os outros 95% da população apenas têm o suficiente para pagar a comida barata e muitas vezes consomem uma dieta muito pouco variada devido às fracas condições da sua existência.

    Mas deixemos as divagações económico-sociais à parte e centremos as atenções no assunto que realmente diz respeito a esta petição: OGM, perigo para a saúde publica e a empresa Monsanto.

    Antes de qualquer outra coisa, quero apresentar-me: Sou o Licínio Baptista, tenho 24 anos e sou licenciado em Microbiologia pela Faculdade de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa. Não pertenci, não pertenço e(infelizmente) possivelmente nunca virei a pertencer à empresa Monsanto, portanto não defendo quaisquer interesses da empresa e apenas exponho o meu ponto de vista, que devido à minha formação, pode ser tido como um ponto de vista de quem sabe o que diz, por pertencer à base da minha formação, e assim sendo, ser uma fonte credível e certificada de informação.

    Então a questão é a seguinte, um alimento dito normal, inicialmente selvagem, e seguidamente domesticado pelo homem, ou seja encontrado na natureza, e por apresentar características nutricionais desejáveis para a alimentação humana, ou mesmo animal, começa a ser cultivado.
    pelas teorias comprovadas e utilizadas hoje em dia como pilares da ciência, a partir do momento em que um organismo, se cruza com outro (no caso das plantas, quando duas plantas estão plantadas suficientemente perto para que haja polinização de uma por parte da outra) e se forma uma nova geração (as sementes que serão usadas no ano seguinte) o genoma da planta (o DNA) é alterado um bocadinho e a planta é ligeiramente diferente dos seus progenitores. se associarmos isto à selecção natural e à selecção feita pelos agricultores, por escolherem plantas que produzem mais para sementes das culturas que virão, obtém-se uma alteração genética profunda na espécie em poucas gerações.
    estas alterações são feitas ao acaso, um agricultor só selecciona 1 planta que produz mais ou melhor, não sabe sequer o que se passou! não sabe se a planta ficou cancerisna ou não, e se o efeito nocivo vai ser grande ou pequeno, se se reflectirá imediatamente após a ingestão do alimento ou se após alguns meses… tudo depende da alteração genética induzida pela natureza.

    Estes alimentos são cultivados (mesmo os biológicos) em solos que estão em contacto com parasitas, ervas daninhas, ar contaminado, radiação ultravioleta, bactérias e vírus, todos eles presentes no ambiente! e alguns desses são capazes de criar, por infecção, alterações genéticas nas sementes… e por consequência, alterar mais a planta, todas elas desconhecidas.

    À alguns anos atrás, antes de se trabalhar com as modernas técnicas de biotecnologia e alteração genética, as modificações de organismos eram efectuadas através de exposição a produtos radioactivos, a radiação ia actuar como “força modificadora” que alterava o DNA em diversos locais, só que a natureza exerce a mesma “força modificadora” ao longo de séculos, os humanos faziam-no em 10 segundos. claro que esta técnica era (e ainda é nos dias de hoje) tão agressiva e perigosa como a maneira de agir da natureza. por essa mesma razão, foi abandonada. E como se sabe isto? As técnicas da vanguarda em biotecnologia permitem sequênciar o DNA(a mesma técnica usada para se descobrir o genoma humano e para nos fazer concluir que somos 1 parente próximo do macaco), e saber com exactidão a sua composição, com isto podem-se comparar as espécies que são cultivadas e as espécies modificadas com a tão perigosa radiação.

    chegou-se à conclusão de que este tipo de método é tão perigoso que pequenas exposições a radiação criam alterações da ordem dos milhares de milhões. (e volto a frisar ESTAS ALTERAÇÕES SÃO EFECTUADAS DA MESMA MANEIRA NA NATUREZA!)

    Actualmente usam-se outros métodos para induzir alteração genética: inicialmente tem de se conhecer todo o genoma (DNA) da planta e saber que zona deste que faz o quê, então, por um método de alteração direccionada (ou seja, sabe-se onde vai ser inserido A TAL ALTERAÇÃO QUE MUITOS DE VOCÊS CONSIDERAM EXTREMAMENTE PERIGOSA.) e insere-se um pequeno fragmento de informação, retirado muitas vezes da própria planta, simplesmente para lhe aumentar uma característica que lhe confere, por exemplo, melhores frutos. Com este método (e volto a frisar, o utilizado hoje em dia) as alterações são CONTROLADAS,DIRECCIONADAS,CONHECIDAS e mais importante ainda MÍNIMAS quando comparadas com as alterações da mãe natureza que todos nós julgamos (ou julgávamos, pensem por vocês) SEGURAS!

    ADICIONALMENTE

    os organismos que são modificados em laboratório são testados intensivamente a todos os níveis durante anos, às vezes mesmo DÉCADAS, criando-se milhares de gerações a partir da planta original, para garantir a sua segurança.
    São ainda testadas na alimentação de animais de laboratório (como por exemplo as cobaias ou ratinhos) após a conclusão de que são seguras em testes. Este tipo de cobaias não são apenas ratos saudáveis, são ratos que por vezes apresentam tumores ou têm tendência a criar tumores, estão infectados com SIDA, ou apresentam um sistema imunitário fraco, simplesmente para GARANTIR QUE A PLANTA É SEGURA E NÃO APRESENTA RISCO NENHUM para a população humana. Seguidamente é oferecida a um grupo de humanos VOLUNTÁRIOS, para que testem o alimento e estes são monitorizados extensivamente para garantir a segurança MÁXIMA do alimento.

    Com todo estes testes e cuidados eu voto SIM aos OGM, pois são mais seguros que qualquer alimento encontrado na natureza, eu ingiro OGM e posso dizer com mais certeza do que qualquer outra pessoa EU SEI O QUE ESTOU A COMER!

    Se chegaram até a esta parte do texto, espero que esta informação vos tenha fornecido alguma visão do que são na verdade os OGM, não são a terrível ameaça que imensa gente pensa, simplesmente devido a fanatismos e a ideias mal explicadas.
    Peço-vos que pensem um pouco por vocês antes de assinarem a petição, pois os OGM vão, no futuro, permitir que se cultive mais alimentos em menor território, permitindo acabar com a fome no mundo, permitir alimentos mais ricos em nutrientes, fornecendo uma alimentação mais equilibrada aos milhões de pessoas a viver em condições precárias, entre outras grandes vantagens.

    Finalmente, um pouco de informação acerca de OGM pode ser encontrada no Google, ou na Wikipédia.

    Com este extensivo texto espero ter elucidado um pouco todos os visitantes desta pagina, de modo a que, no caso de alguma duvida acerca do que é um OGM e dos perigos que representa, possa tomar uma decisão mais pensada antes de assinar a petição.

    Assim sendo concluo o meu comentário, ao leitor interessado, desde já o meu muito obrigado pela disponibilidade que prestou ao ler esta informação e espero ter sido útil e contribuído para o esclarecimento acerca deste tema (ainda tão) polémico.

    Licínio Baptista

    Kliker_box@hotmail.com

    1. Re: Resposta
      Caro Licínio,
      Agradecemos que tenha visitado a página da Plataforma Transgénicos Fora e se interesse pelo nosso ponto de vista. Uma vez que se deu ao trabalho de ser tão minucioso, tentaremos responder ponto por ponto.

      – O Licínio diz: “queria demonstrar o desagrado que tenho sobre todos os assuntos contra os OGM”. Isso significa que gosta de todos os OGM, independentemente de serem seguros ou não, terem sido estudados ou não, serem úteis ou não, ter sido acautelado o problema da contaminação ou não, etc. Tem esse direito, claro, mas a esmagadora maioria dos portugueses não pensa dessa forma.

      – Também diz “Todos os que são contra os OGM ingerem alimentos, e por conseguinte, suponho que ingiram alimentos biológicos, para evitar o risco de ingerirem qualquer resíduo de OGM que possa ser integrado na comida normal.” Aqui está enganado. A percentagem legal de presença contaminante de OGM em outros alimentos que não exige rotulagem é a mesma para a alimentação convencional e para a alimentação biológica: 0,9%. Quanto aos que “apenas têm o suficiente para pagar a comida barata e muitas vezes consomem uma dieta muito pouco variada devido às fracas condições da sua existência”, provavelmente também prefeririam não comer transgénicos. Na certa até preferiam comida biológica.

      – Quanto à sua formação de base, damos-lhe os parabéns por ter ido para uma universidade de luxo quando 95% dos portugueses (ainda mais agora, com a crise…) só podem ir para as outras – os que podem. No entanto, como sabe, para ser uma fonte credível de informação deve apresentar as referências científicas para toda a informação que apresenta. Como não é o caso, é tão credível como qualquer outro comentarista desta página.

      – Sobre os perigos das plantas/alimentos produzidos naturalmente o Licínio afirma que por causa da reprodução sexuada e selecção darwiniana podem ficar cancerígenos, além de que estão em contacto com parasitas, micróbios e vírus, etc, que por sua vez podem induzir outras alterações. Lembramos que as plantas transgénicas são cultivadas exactamente nos mesmos sítios das plantas convencionais, pelo que estão sujeitas aos mesmos agentes e consequências. Além disso, uma vez criada a planta transgénica no laboratório, ela passa a ser multiplicada através da mesma reprodução sexuada e passa a estar sujeita à mesma selecção darwiniana que pode fazer tanto mal à plantas não transgénicas. Será que afinal as plantas transgénicas podem ficar cancerígenas?

      – Sobre a radiactividade ter sido usada na produção de novas sementes e agora ter sido abandonada: tem toda a razão. Felizmente a maior parte das sementes assim obtidas já foram retiradas do mercado. Moral da história: as sementes de alta tecnologia, as novidades, as que a indústria se lembra de produzir e lançar para o mercado, às vezes são perigosas e acabam por ter de ser eliminadas. Porquê? Porque a indústria não teve cuidado suficiente antes de as lançar no mercado. O que é que nos garante que não se esteja a passar a mesma coisa agora com os transgénicos? E não, a Natureza não aplica radioactividade às sementes, pelo menos não da forma como foi feito pelos agrónomos e biólogos.

      – Em relação aos transgénicos, o Licínio faz uma série de afirmações incorrectas.
      . “tem de se conhecer todo o genoma (DNA) da planta”: isso não é verdade, porque se fazem transgénicos em espécies das quais o genoma ainda não foi todo sequenciado.
      . “por um método de alteração direccionada (ou seja, sabe-se onde vai ser inserido A TAL ALTERAÇÃO”: isso não é verdade porque o método biolístico (aceleração de partículas) é absoluta, total e incontornávelmente aleatório.
      . “insere-se um pequeno fragmento de informação, retirado muitas vezes da própria planta”: 100% dos transgénicos em circulação na UE têm DNA estranho à planta.
      . “as alterações são CONTROLADAS,DIRECCIONADAS,CONHECIDAS e mais importante ainda MÍNIMAS”: se as alterações fossem como diz, quando se faz uma experiência de engenharia genética todas as células/plantas resultantes deviam ser exactamente iguais. No entanto, o que se verifica é precisamente o oposto: em centenas ou milhares de células utilizadas numa única experiência de engenharia genética a maior parte morre com a manipulação, muitas ficam irreconhecíveis, e da multitude de variações que as restantes apresentam é preciso seleccionar com cuidado para encontrar uma que reuna o que se pretende sem demasiados estragos à mistura e da qual se consiga regenerar uma planta em condições. Isto é o que se passa nos laboratórios de engenharia genética, todos os dias, no mundo inteiro. As transformações genéticas não são direccionáveis e para obter um bom resultado é preciso procurar a agulha num palheiro.

      – Sobre os testes realizados aos transgénicos o Licínio também está mal informado. Por exemplo, afirma que os testes duram “anos, às vezes mesmo DÉCADAS”. Mas os testes mais longos que alguma vez foram feitos aos transgénicos actualmente em circulação duraram apenas três meses. E nenhum desses transgénicos que andam no mercado foram testados em “ratos que por vezes apresentam tumores ou têm tendência a criar tumores, estão infectados com SIDA, ou apresentam um sistema imunitário fraco”. Nem o primeiro! E, da mesma forma, nenhum deles foi testado em voluntários humanos antes de ser comercializado. Claro, o Licínio pode ter informação exclusiva a que a Plataforma não teve acesso. Nesse caso agradecemos que nos indique os estudos científicos que fundamentam as suas afirmações.

      – Considerando o que foi escrito acima, quando o Licínio diz “Com todo estes testes e cuidados eu voto SIM aos OGM” percebemos agora que o Licínio é favor de OGM que (pelo menos para já) não existem. É que os que estão no mercado não são como o Licínio os idealizou. Se os OGM fossem como o Licínio descreve, talvez a Plataforma Transgénicos Fora nem tivesse de existir.

      – E o futuro? “os OGM vão, no futuro, permitir que se cultive mais alimentos em menor território, permitindo acabar com a fome no mundo, permitir alimentos mais ricos em nutrientes, fornecendo uma alimentação mais equilibrada aos milhões de pessoas a viver em condições precárias, entre outras grandes vantagens”. Talvez. Para já os OGM não têm nenhuma dessas vantagens, por isso para quê arriscar a comê-los? Só para dar lucro a uma ou duas empresas? Quando houver OGM assim (é melhor esperar sentado…) cá estaremos para os analisar.

      – Sobre se as pessoas devem ou não pedir que os ensaios da Monsanto sejam proibidos: aconselhamos a leitura cuidada do parecer que a Plataforma emitiu a esse respeito, disponível aqui. Está referenciado, vai gostar!

      Cumprimentos,
      Plataforma Transgénicos Fora

    2. resposta ao licenciado
      Caro Licínio Baptista,
      muito obrigada pelo seu extenso texto a favor dos OGMs. Quero, no entanto, dizer-lhe que está redondamente ENGANADO nas conclusões que retira dos trabalhos que apresentou. Infelizmente. Bom seria se os OGMs trouxessem vantagens ao Mundo. No entanto, as poucas que talvez tragam são muito inferiores aos males que trazem, a curto, médio e longo prazo. Só serão bons para a Monsanto e outras similares. Aconselho-o a dedicar-se a alguma leitura científica e séria e, também, a retirar conclusões sérias, com uma mente aberta.
      Professora Universitária na área da saúde.

    3. Ignorance is bliss
      Eu tenho imensa compaixão pelo Licínio pois há alguns anos também eu tinha esta fé inocente na bondade dos transgénicos e outras “maravilhas” da tecno-ciência. Não temos culpa, somos apenas vítimas da doutrinização que nos é feita desde a escola secundária nas aulas de biologia e que prossegue durante todo o curso universitário. Há sempre alguns de nós que a meio do percurso percebem que nem tudo são rosas nem a ciência é inocente e imaculada, outros nunca chegam a perceber no dogma em que se afundam e aprisionam. O pior de tudo é acharem que sendo “cientistas” a verdade está com eles enquanto que os outros que “dizem mal” são uns pobres coitados ignorantes. Ah, mas esperem, eu também sou cientista, com formação em biotecnologia vegetal, não me considero um ignorante na matéria! E que dizer dos muitos colegas meus, agrónomos, biólogos moleculares e afins, que baseiam as suas fortes reticências à engenharia genética na agricultura, em evidências sólidas e estudos científicos credíveis e numa análise científica como ela deve ser feita: céptica e não dogmática…? Serão todos eles pobres ignorantes radicais luditas?
      O Licínio foi levado a acreditar que sim pelos seus professores e os seus amados dogmas, mas fazia bem em abrir os olhos e dar mais crédito aos especialistas que dedicam o seu tempo livre voluntariamente a fazer o serviço cívico de alerta àquilo que de podre se passa no mundo da tecno-ciência.

  4. Mais uma resposta a Li
    Apesar do comentário de Licínio Baptista já ter sido sobejamente rebatido, não resisto a acrescentar mais umas considerações.

    Sou Licenciada em Medicina Veterinária e por isso só tenho noções de genética não muito aprofundadas, mas o meu estudo em relação aos transgénicos permitiu-me saber o suficiente para pelo menos ficar atónita com a falta de conhecimento, a falta de informação de alguém que se considera de algum modo “especialista”.

    O ADN transgénico é tipicamente um mosaico de sequências de ADN de diferentes proveniências: Gene desejado a transferir + gene vector + gene promotor + gene marcador = informação ou sequência genética a inserir, que nunca foi testado na Natureza. Em todos os casos o ADN estranho transferido é acompanhado de uma sequência genética “promotora”. Os promotores mais utilizados em engenharia genética provêem de vírus e são muito potentes dado que a sua função é activar o gene estranho que há-de burlar os mecanismos de regulação da célula hospedeira para evitar a violação do seu material genético.
    Estas noções básicas permitem perceber que a transgenese não é uma técnica de “melhoramento” sequer comparável às técnicas de melhoramento convencionais. Para mim este aspecto é muito revelador das incertezas que pairam em torno dos OGM e que por si só são quanto baste para uma oposição em relação a eles.
    O Licínio Baptista afirma que se sente seguro a ingerir OGM, mas tal só pode ser por desconhecimento dos problemas de saúde nos animais de laboratório revelados em estudos científicos, com OGM comercializados, a saber:
    – Alterações profundas, mas reversíveis, no fígado com a soja RR da Monsanto, o OGM mais cultivado do mundo. (Malatesta, 2002, 2005)
    – Alterações metabólicas do pâncreas com a ingestão de soja RR (Malatesta, 2002 e 2003)
    – Alterações nos testículos com a soja RR (Vecchio e Malatesta, 2004).
    – Lesões hepato-renais com a ingestão de milho Bt da Monsanto (MON 863), aprovado para consumo na União Europeia desde Janeiro de 2006. (Séralini, 2007)

    Por fim, o que é que o Licínio Baptista me diz da afirmação de Richard Lacey, Prof. na Universidade de Leeds, o primeiro cientista a caracterizar correctamente os riscos das doenças vacas loucas: “A verdade é que é virtualmente impossível sequer conceber procedimentos que permitam testar e avaliar os efeitos na saúde dos alimentos GM”?

  5. Estudos
    De fato, transgênicos precisam de maiores estudos antes de sairmos nos alimentando com eles. Temos muito poucas informações. O que me assusta, e que não foi colocado aqui, é que uma modificação genética também pode resultar em um alimento com quantidade calórica muito diferente do original.

    Não sei se isso já aconteceu, mas a possibilidade e os efeitos adversos podem ser complicados.

    Mesmo assim, ainda dou meu braço a torcer para as pesquisas genéticas. É inegável (para o bem e para o mal) que aumentaram muito a oferta de alimentos no mundo. Mas que precisa de testes, isso precisa.

    1. Re: Estudos
      Caríssim@,
      As pesquisas genéticas que refere, que de facto conduziram a um aumento da oferta alimentar no mundo no último meio século, são da área do melhoramento convencional de plantas. Ou seja, não foi pela engenharia genética e transgénicos que o mundo passou a ter mais comida no século XX.
      Cumprimentos,
      Plataforma Transgénicos Fora

  6. Olá a todos,
    Conforme

    Olá a todos,
    Conforme foi divulgado, os cereais transgénicos não são de forma alguma seguros para os humanos.
    Ainda há pouco no canal Odisseia, foi transmitido um programa sobre esse assunto.
    Houve problemas com agricultores do Canada, que compraram sementes de colza e que por acaso apareceram por là algumas transgénicas e os agricultores são notificados, porque depois a empresa Monsanto, quer as recoltas e quer indemnizações… enfim só dinheiros…QUANTO MAIS MELHOR, MESMO DESTRUINDO A RAÇA HUMANA!!
    O Brasil, país onde não são permitidas culturas OGM, é o segundo a nível mundial de soja transgénico !!como é isso possível?!Será que os governos não fazem nada??!!
    Em relação a estudos efectuados.
    Houve um agricultor que começou a dar parte de milho transgénico ás vacas. Passado alguns meses começou a dar 100% da alimentação, passado um tempo, os animais começaram a ter graves problemas e foi provado que era por causa do milho, teve que abater os animais e os que nasceram mesmo depois, dois anos, nasceram com deformações.
    Portanto, digam-me lá se é fiável essa situação..!?
    O leite que foi utilizado para o comércio que as pessoas tomaram, tomam…depois existem cada vez mais doenças, mais problemas de saúde que não se sabem de onde surgem…!!
    Mais ainda, não é o facto de ter um campo de milho plantado com sementes transgénicas, o vento, os insectos, tudo vai no ar…vai portanto para todo o sítio…não tem fronteiras….se calhar é por isso que a abelha está a desaparecer!!qui sa??

    GOSTARIA QUE OS GOVERNOS DESSEM ORDENS CLARAS, PARA QUE O POVO SAIBA O QUE COMPRA, SE QUER OGM’S TEM TODO O DIREITO DE ADQUIRIR, MAS QUEM NÃO QUER, TAMBÉM TEM O DIREITO DE NÃO ADQUIRIR!!

    A ESCOLHA É DE CADA UM…MAS POR FAVOR, NÃO IMPINGEM COISAS QUE NÃO QUEREMOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  7. O Problema é que…
    O problema é que depois de experimentar o milho transgénico, o campo de cultivo fica contaminado.
    O mal já não se pode “apagar” depois de feito e isto é que é de difícil compreensão.

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