Colza: A invasão

Colza: A invasão

2010/08/06 – Foram hoje apresentados no congresso anual da Sociedade Americana de Ecologia os resultados de um trabalho de investigação relativo ao aparecimento de colza (um tipo de couve) transgénica em zonas não cultivadas. Os cientistas percorreram cerca de 5 mil quilómetros de estradas no estado do Dakota do Norte e a cada oito quilómetros recolheram amostras das ervas em estado selvagem que encontraram. Quarenta e seis por cento dessas amostras continham colza e, dentro das que continham colza, 80% continham colza transgénica. Esta colza GM era sobretudo de variedades da Monsanto, havendo também da Bayer. O mais interessante neste estudo foi o facto de terem sido encontradas plantas duplamente resistentes: com um transgene para o herbicida da Monsanto e outro para o da Bayer – algo que não existe no mercado.

O que significam estes resultados?

Primeiro, que a colza transgénica sobrevive bem sem a ajuda de ninguém: foram encontradas plantas na beira das estradas e terrenos agrícolas abandonados, mas também em estações de serviço, cemitérios, campos de bola e muitas outras zonas a grande distância de qualquer campo de colza.

Segundo, a colza transgénica não só sobrevive como se instala com à vontade e, ao longo de várias gerações, espalha os seus transgenes – só isso explica o aparecimento de plantas duplamente resistentes. E outras espécies selvagens “primas” da colza podem facilmente adquirir estes transgenes.

Terceiro, estas plantas já não podem ser combatidas pelos herbicidas mais usados, o que as pode transformar em invasoras agrícolas de difícil controlo.

Quarto, o nível de contaminação generalizada encontrado mostra que a regulamentação americana que é suposta evitar tal fenómeno não está a funcionar ou é muito insuficiente.

Quinto, ninguém sabe o que é que a introdução destes transgenes vai implicar ou alterar no equilíbrio dos ecossistemas onde aparecerem. E os ecossistemas já estão, em geral, tão stressados, que qualquer novo stress pode ser a gota de água.

E sexto, a indústria enganou-se. Segundo, por exemplo, o Dr Julian Little, do lobby pró-transgénicos Agricultural Biotechnology Council, “As plantas transgénicas são produções humanas e quando toca a competir com as suas homólogas selvagens não se dão nada bem”. Este estudo, que encontrou comunidades bem instaladas de colza transgénica, vem demonstrar o contrário.

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