O DNA das plantas transgénicas está presente no leite e tecidos animais
Acumulam-se as evidências científicas de que o DNA das plantas transgénicas está presente nos tecidos, incluindo leite, órgãos internos e músculos, dos animais que consomem essas rações. Abaixo elencam-se alguns dos artigos publicados nesta área. O mais recente, de Tudisco et al., é particularmente interessante porque não só detetou o DNA transgénico no leite de cabras, como o encontrou também no sangue e tecidos (músculo, rim, figado, coração e sangue) dos filhotes que estavam a ser amamentados. Além disso os cientistas descobriram que esses filhotes apresentavam uma alteração significativa no funcionamento de uma enzima (a desidrogenase lática) presente no coração, músculo e rim. Exatamente o que é que significa consumir leite e carne proveniente de animais que consumiram transgénicos ainda não é possível dizer. Mas a partir de agora também já ninguém pode afirmar que o DNA transgénico se degrada e desaparece durante a digestão, o que abre toda uma nova área de segurança alimentar à espera de ser estudada. Entretanto os transgénicos continuam a ser usados em rações todos os dias, em todo o país… • Deteção em leite de cabra e em cabritos amamentados Tudisco R., Mastellone V., Cutrignelli M.I, Lombardi P, Bovera F., Mirabella N., Piccolo G., Calabrò, S., Avallone L., Infascelli F. (2010) Fate of transgenic DNA and evaluation of metabolic effects in goats fed genetically modified soybean and in their offsprings
• Deteção em porcos (sangue) Mazza, R., Soave, M., Morlacchini, M. Piva, G. and Marocco, A. (2005) Assessing the transfer of genetically modified DNA from feed to animal tissues. Transgenic Research 14, 775-784.
• Deteção em porcos (intestino, fígado e rim) e em ovelhas (tecidos epiteliais do intestino) Detection of Transgenic and Endogenous Plant DNA in Digesta and Tissues of Sheep and Pigs Fed Roundup Ready Canola Meal (2006) J. Agric. Food Chem. 54:1699–1709 Sharma, R. et al.
• Deteção em truta (glóbulos brancos, rim e músculo) Chainark, P. et al. (2008) Availability of genetically modified feed ingrediente: investigations of ingested foreign DNA in rainbow trout Oncorhynchus mykiss. 74:380-390.
presença de DNA de plantas em sangue, leite e tecidos: e dai?
O artigo tem uma metodologia adequada, mas a forma de amostrar o leite pode facilmente contaminar a amostra com material da ração. Não está claro se os cabritos estão apartados de suas mães nem se podem ter acesso ao concentrado de soja.
O primeiro resultado mostra que algo estranho aconteceu: o suplemento transgênico parece implicar numa redução de peso corpóreo e de órgãos. Mas os autores parecem considerar este dado irrelevante. Mas não é: uma diferença grande de peso total e dos órgãos indica que as condições nas quais os dois grupos de animais foram mantidas foram bastante diferentes, sendo prejudiciais ao ganho de peso no caso dos animais alimentados com suplemento transgênico. É claro que o próprio suplemento transgênico poderia ser a causa, mas isso nunca foi relatado, nem para cabras nem para qualquer outro animal.
A figura 1 é “representativa” das amplificações de DNA, mas nada é dito sobre o que está sendo amplificado. Na tabela seguinte (tabela 4) os resultados positivos de amplificação são computados, mas NEM UM ÚNICO EXEMPLO DOS RESULTADOS é mostrado. Assim, não é possível comprovar como as conclusões sobre os experimentos de amplificação foram alcançadas. Se acreditarmos nos resultados, veremos que sempre há fragmentos de DNA de soja (genes normais, não os transgenes) e que no caso dos animais que ingeriram o suplemento _a base de soja transgênica, em alguns casos também se detectam os transgenes.
Mesmo que o resultado esteja correto (o que não é provável, porque contraria tudo o que foi publicado anteriormente, está mal apresentado e publicado numa revista de baixa qualidade editorial), o que o artigo nos mostra? Que pequenos fragmentos de DNA de planta podem estar presentes no sangue e no leite de animais. E daí? Todos os herbívoros e onívoros comem plantas desde que o mundo é mundo, os DNAs destas plantas transientemente estão presentes no sange, nos tecidos ou no leite, e nunca houve qualquer problema. São milhões de distintos fragmentos de DNA de centenas de milhares de genes, que jamais fizeram mal a qualquer bicho.
Portanto, é mais um artigo ruim que levanta um problema irrelevante.
Quanto aos valores diferentes de atividade enzimática, não dá para concluir nada porque os pesos dos animais e seus órgãos parecem ser muito diferentes nos dois grupos, apontando ppara grave erro na manutenção dos animais.
Re:presença de DNA de plantas em sangue, leite e tecidos: e dai?
Caro Paulo Andrade,
Alguém que se apresenta como um cientista rigoroso, como o Paulo, não deveria tirar tantas conclusões apressadas, embora convenientes de um certo ponto de vista.
É verdade que o artigo de Tudisco et al. não é perfeito, e que em ciência são precisos vários artigos, e não apenas um, para haver solidez nas conclusões. Mas é possível encontrar limitações e defeitos na esmagadora maioria dos artigos científicos publicados, até nas melhores revistas. Portanto isso não é razão para desacreditar à partida a informação que este nos traz.
Além disso a revista Animal não é uma revista “de baixa qualidade editorial”, como o Paulo afirma. Na verdade esta revista pertence ao 1º Quartil na área das Ciências Veterinárias da Web of Knowledge. Ou seja, é uma das melhores revistas no mundo da sua área, e tem um elevado fator de impacto (1.458). Se o artigo foi aceite para publicação numa revista de alta qualidade como esta, é porque não deve ser tão ruim assim.
O Paulo também se engana quando diz “Não está claro se os cabritos estão apartados de suas mães nem se podem ter acesso ao concentrado de soja”, pois os autores dizem que os cabritos só bebem leite “Each kid was fed only milk from its mother using a milk feeder” e que estão apartados das mães “10 male kids were randomly selected from each group and allowed into individual cages positioned in a separate room”
Quanto ao peso corporal e dos órgãos, os autores são muito claros: não houve diferenças estatisticamente significativas entre o grupo de teste e o grupo de controlo no que toca a essas variáveis. Por isso a conclusão do Paulo de que houve graves erros na manutenção dos animais não faz o menor sentido.
Além disso, a haver diferenças no peso, elas poderiam ser devidas à dieta das mães. O facto de isso não ter sido devidamente demonstrado na literatura não pode de forma alguma ser sinónimo de que não existe!
Finalmente, este problema não é irrelevante. Foi o que pensou a revista Animal quando decidiu publicar, e é o que pensa toda a gente que já ouviu tantas vezes afirmar (erradamente, como se vê agora) que o DNA transgénico desaparece durante a digestão e que por isso não é razão para preocupação.
Se a presença desse DNA transgénico representa ou não um problema real de segurança alimentar, é uma boa pergunta. Será talvez o próximo passo desta linha de investigação. Mas é uma pergunta que nunca se colocaria se não se demonstrasse primeiro, como este trabalho começa a demonstrar, que esse DNA pode de facto entrar no organismo e estar lá ativo de alguma maneira.
Lamentamos, Paulo, que tenha sido tão pouco científico na sua leitura deste trabalho.
Cumprimentos,
Plataforma Transgénicos Fora
Boa noite.
Boa noite.
Primeiramente, agradeço aos responsáveis por este site pelo cuidado em disponibilizar estas informações.
Antes mesmo de procurar por resultados de estudos neste sentido (se o DNA transgênico desaparece ou não após o processo de digestão, se é ou não transmitido àqueles que consomem produtos derivados de animais que se alimentaram com transgênicos, e qual seria a implicância disso) por simples bom senso abstive-me de toda alimentação derivada de animais que possam haver sido alimentados com transgênicos.
Eu escrevo do brasil, onde tenho uma propriedade rural, produtora de leite. O índice de desinformação por aqui é monstruoso e o que primeiramente me fez prestar atenção ao assunto dos OGMs foi a constatação do aumento de índice de abortos e baixa fertilidade no gado leiteiro. Ao menos nesta região TODA ração disponível para vacas leiteiras é transgênica, além do silo de milho que alimenta o gado, em grande parte também transgênico.
Tenho algumas dúvidas quanto à extensão do assunto abordado nesta publicação e ficaria muito grata em obter algumas respostas.
Pressuponho que traços de OGMs serão encontrados no esterco dos animais alimentados com trangênicos, certo? Dessa forma, uma horta adubada com o esterco desses animais pode transmitir qualquer tipo de coisa derivada deste processo para as verduras e legumes cultivados nesta horta?
A minha dúvida está em dois sentidos:
Primeiro, quanto à resíduos de venenos. O simples fato de um milho transgênico suportar uma concentração muito maior de glifosato indica igualmente uma contaminação também maior de glifosato no milho (eu estou vendo isso aqui: os agricultores agora aplicam round up diretamente no milho e depois dão para o gado comer – e o comem também, diga-se de passagem), isso seria o suficiente para tornar o esterco impróprio para adubação?
E, segundo, à nível celular. Eu já li que no caso do milho transgênico há uma toxina sendo produzida por um bacilo, e que o contato deste bacilo com animais tem sido a causa de alterações no sistema imunológico e reprodutivo dos mesmos. Existem riscos desta toxina se encontrar também no esterco, novamente, tornando-o impróprio para a adubação de legumes e verduras?
Novamente, agradeço por seu cuidado.
Re Boa noite.
Cara Fernanda,
As questões que coloca são relevantes, mas também muito difíceis. A resposta genérica é sim. Ou seja, em princípio, o que os animais comem pode estar presente no esterco. Mas se há ou não impactos reais é sobretudo uma questão de quantidade/concentração, pelo que vai depender de cada caso. Uma sugestão que poderá considerar é fazer compostagem prévia de todo o esterco que pretenda usar na sua horta. A compostagem ao longo de vários meses tende a reduzir e até neutralizar a atividade química e biológica negativas e o produto final que aplicar na horta estará muito mais seguro. É difícil responder de forma mais concreta sem estar na posse de elementos muito mais pormenorizados.
Obrigado pela visita,
Plataforma Transgénicos Fora
É criminoso e aterrador o que
É criminoso e aterrador o que as empresas como a Monsanto e outras similares têm andado a fazer. O pior é que contam com o beneplácito dos governantes, que deveriam estar na linha da frente a defender os cidadãos.
A maioria das pessoas não sabe o que são os OGMs. Algumas das que sabem preferem ignorar os impactos que estas “porcarias” têm no ambiente e no seu bem-estar.
Na minha opinião, não são necessários mais estudos para provar que os transgénicos não são seguros; os que existem ( refiro-me aos que foram feitos por investigadores idóneos e não por mercenários da ciência…) são suficientes para nos deixar verdadeiramente aterrados!!
Se na Humanidade imperasse o bom-senso, bastaria uma ténue desconfiança sobre a segurança destes “inventos” para travar a sua utilização. Porém, não foi isso que aconteceu. Uns
“aprendizes de feiticeiros” inventaram um “maná” e apressaram-se em dá-lo a provar ao Mundo e nós – cobaias – acedemos…
O espectro da “doença das vacas loucas” ainda mal se dissipou e já paira sobre a nossa cabeça uma nova ameaça. De facto, o Homem é um ser masoquista e pródigo em arranjar sarilhos!
No meio de tudo isto, preocupam-me os incautos e os inconscientes, os devotos do “churrasquinho” ; ou os optimistas que confiam cegamente nas boas intenções de quem lhes dá de comer…
À Plataforma deixo aqui os meus agradecimentos pelo esforço e dedicação a esta causa. Bem hajam!!! F.L.